Por que ouro? É o tributo dado aos reis. Por que a mirra? Por ela, honra-se a sepultura dos grandes. Por que o incenso? É a homenagem prestada a Deus. Ou melhor: estes três dons representam toda a humanidade aos pés do Menino Deus:
O ouro, é o poder;
A mirra, é o sofrimento;
O incenso, é a oração.
Assim, meus irmãos, a lei do culto Eucarístico começou em Belém, para ser continuada no Cenáculo da Eucaristia. Os reis começaram; nós devemos continuar suas homenagens. A Jesus Sacramentado é devido o ouro, pois Ele é o Rei dos reis; é-Lhe devido o ouro, pois Ele tem direito a um Trono mais esplêndido do que o de Salomão; é-Lhe devido o ouro para Seus vasos sagrados, para Seu Altar. Será que na Antiga Lei, o ouro não brilhava no Templo? A Arca da Aliança não era feita com ouro do povo, e com o ouro puro?
Ao Salvador é devida a mirra, não mais para Ele, pois Ele consumou Seu Sacrifício na Cruz, e Sua Ressurreição glorificou Seu Corpo Divino e Seu túmulo sagrado. Mas, tendo-Se constituído sobre o Altar nossa Vítima perpétua, para ser completa, esta Vítima tem necessidade de sofrer, e de sofrer através de nós, a fim de devolver de certa forma às Suas chagas gloriosas a sensibilidade e o mérito novo do sofrimento. “Completo, na minha carne, o que falta nas tribulações de Cristo pelo Seu Corpo, que é a Igreja.” [Cl 1,24]
O incenso Lhe é devido. O Sacerdote Lho oferece cada dia. Ele quer ainda o incenso de vossas adorações, meus irmãos, a fim de vos fazer participar de Suas bênçãos e de Suas graças.
Oh! Como somos felizes por poder, pela Eucaristia, partilhar a felicidade de Maria e dos primeiros discípulos! Sem a Eucaristia, nós não poderíamos dar nada a Jesus Cristo em Pessoa, à Sua Santa e amável Humanidade, não poderíamos honrá-LO em Seus diversos estados de amor, senão pela lembrança e a título de comemoração. Mas com a Eucaristia, nós temos a pobreza de Seu Nascimento, Sua vida escondida em Nazaré, Sua vida crucificada no Calvário, Sua Glória do Céu. (…)
Oh! sim, todos os bens nos vêm pela Divina Eucaristia, como eles têm sua fonte em Belém, tornado o segundo céu do amor.
Mas se todos os bens nos vêm da Eucaristia, todos nossos deveres também daí decorrem.
Os reis magos são nossos modelos, os primeiros adoradores na fé. Permaneçamos dignos de sua fé régia em Jesus Cristo; sejamos os herdeiros de seu amor, e, um dia, nós o seremos de sua glória. Amém.
( Trecho de uma pregação de São Pedro Julião Eymard
na Igreja Saint-André della Valle, durante a oitava da Epifania, a 10 de janeiro de 1865.)