E eis que vieram Magos do Oriente a Jerusalém dizendo: Onde está o Rei dos Judeus que acaba de nascer? (Mt 2,1-2)
O estábulo de Belém torna-se célebre e admirável nesse dia: o Céu e a terra marcam um encontro de amor e de santa alegria.
Os Anjos celebram pelo cântico da paz e da glória de Deus, fruto do Nascimento do Verbo Encarnado. Os pastores vêm reconhecer seu Salvador… e os reis renderem-Lhe suas homenagens.
E esse estábulo divino, tornado assim o amável berço do Senhor, trará cada ano ao seu presépio o filho e sua mãe, o filho e seu pai, o sacerdócio e a realeza deste mundo; gostamos sempre de rever um berço bem-amado.
É com felicidade que venho expor à vossa piedade as relações admiráveis entre o Natal e a Eucaristia, e mostrar-vos que o Nascimento do Salvador é a preparação da Eucaristia e a inauguração de seu Culto.
Belém foi o berço do Salvador; ama-se sempre seu berço, o lugar de seu nascimento.
Oh! como é tocante a Missa de meia-noite no mundo cristão, saudamo-la muito tempo antes, vemo-la sempre chegar com felicidade!
Com que deliciosas lágrimas deve-se celebrar nessa mesma gruta, testemunha do Nascimento do Emanuel.
Meus irmãos, mas o que é que dá à nossa festa de Natal seu encanto? Seus cantos alegres, o transporte de nossos corações? Não é a Santíssima Eucaristia? Não renasce Ele realmente em nossos Altares? Ainda que num estado diferente, nossos cantos, nossas homenagens não vão diretamente à Sua mesma Pessoa, que é o objeto de nossa festa e de nosso amor? Nós faremos como fariam crianças ao seu pai querido que, para louvar seu nascimento bendito, o recolocariam em seu berço para cantar-lhe seus cantos de amor e de alegria.
O estábulo de Belém foi durante três séculos o Templo da Eucaristia; celebrava-se então nos lugares escondidos porque Jesus Cristo Sacramentado era obrigado a fugir ou se esconder diante de outros Herodes. E então o Sacerdote, substituindo a Santíssima Virgem, encarnava o Filho de Deus no meio das florestas, nas cavernas.
Belém é a semente da Eucaristia.
Nomes da Eucaristia: Pão de Vida [Jo 6,34], Pão Vivo [Jo 6,51], Pão do Céu [Jo 6,32] – ora, para tornar-se um pão de vida, o grão de trigo deve, antes, passar por todos os estados da germinação, do crescimento, da floração, e enfim do amadurecimento.
Quando o Sacerdote de Jesus Cristo consagrou esse Pão Divino, Jesus Cristo, ele O consagrou após o consummatum est [Jo 19,30] da Cruz, a gloriosa Ressurreição e a triunfante Ascensão do Salvador. Esse Pão Vivo tinha germinado em Belém para florescer em Nazaré sob a lei da obediência e amadurecer no Calvário sob o fogo das dores.
Sim, o trigo dos eleitos germinou em Belém. Terra bendita de Belém, Casa do Pão, do verdadeiro Pão do Céu, que dá a vida etrena!
(Trecho de um sermão de São Pedro Julião Eymard – Obras Completas.