(Trecho das Obras Completas de São Pedro Julião Eymard)
… Jesus Cristo nos comunica sua vida por sua graça, seu espírito e sua verdade, que é Ele mesmo.
Por sua graça, não somente como a que é dada a todo cristão, mas de uma maneira especial pelo atrativo eucarístico. Este atrativo é, primeiramente, de sentimento. Sentimo-nos felizes e temos devoção pela Eucaristia; mas esta atração de doçura e consolação passa. Para que uma atração seja verdadeira é preciso que tudo se dirija a ela; que os pensamentos e as ações não tenham outro fim; que em tudo vejamos o pensamento eucarístico, mesmo naquilo que não temos nenhuma relação com ele: leituras, sermões, práticas das virtudes, meditações, enfim, toda a vida. É assim que Jesus Cristo nos comunica seu espírito.
O leite da mãe dá à criança suas inclinações, sua vida física, saúde ou doença. Jesus tornando-se nosso alimento nos transformará nele, como o perfeito absorve sempre o imperfeito. Pensaremos como Jesus Cristo, agiremos igual a Ele. Com o ar que respiramos é o princípio da nossa vida material, assim também vivendo cada dia da Eucaristia, respiraremos somente esta atmosfera divina. Como São Paulo não conhecia senão Jesus crucificado (cf. 1Cor 2,2), nós não conheceremos senão Jesus Eucaristia. Então encontraremos a verdade de Jesus Cristo. Nos outros estados de sua vida Ele apenas passou e não colocou neles toda a sua verdade: em Belém mostra sua pobreza e sua humildade; em Nazaré sua vida escondida; no Calvário seus sofrimentos e seu amor, mas, na Eucaristia Jesus resume toda sua verdade, resume a si mesmo.
Podemos, portanto, encontrar na Eucaristia todos os estados de Jesus e conformar nossa vida eucarística com eles. Ele mesmo nos fará passar por eles. Todos esses diversos estados se tornarão nossa vida habitual. Finalmente, através deles, Jesus simplificará nossa alma que terá apenas uma finalidade, uma vida: Jesus Eucaristia.